DANILO TIMM, ARTISTA QUEER BRASILEIRO LANÇA O PRIMEIRO ÁLBUM SOLO INTITULADO”NiLØ”

Em mistura de ritmos, brasiliense radicado em Berlim traduz sua identidade artística

Danilo Timm começou a carreira em Brasília. Com apenas 12 anos de idade já estava fazendo teatro amador e com 18 passou a dar aulas de canto. Depois disso, resolveu se mudar para São Paulo e em seguida pro Rio de Janeiro. Ganhou cada vez mais destaque no teatro musical, estando em produções muito comentadas e premiadas, como “Elis – O Musical”, “Xanadu” e “Hair”. Também foi preparador vocal de estrelas como Fernanda Lima, Leandra Leal, Cláudia Abreu e Danielle Winits. Foi em 2014, que o artista resolveu mudar tudo. Mudou-se para Berlim (Alemanha) guiado por um relacionamento e uma paixão instantânea pela cidade. Lá criou o grupo Aquafaba ao lado do chileno Cristóbal Rey, fundou e dirige o coletivo Heart Chor e agora segue carreira solo adotando seu nome de nascimento. Clique aqui para conferir

Toda essa trajetória é importante para melhor entender o primeiro disco deste artista queer, brasileire e que pela primeira vez faz um compilado de canções que contam os últimos dez anos de sua vida. Em “NiLØ”, uma brincadeira de seu nome, representando visualmente a dualidade de gênero de Timm, elu conta a história da transformação após a imigração: abraçando novas culturas, estruturas de relacionamento e formas de expressar todas as suas verdadeiras cores. Estes atributos íntimos únicos e embutidos em cada uma das trilhas sonoras selecionadas, se tornaram o prefácio da história de Timm, que no final das contas levaram a transformar este projeto em uma série sônica; como uma série Netflix, mas musical.

O primeiro capítulo foi “Saudade Auf Deutsch” lançada em outubro de 2022, e que traz uma mistura de funk brasileiro e elementos como o triângulo, o violão e bateria de samba com o “yodelling” (canto dos Alpes alemães e austríacos) para tratar da saudade de uma pessoa chegando ao um novo país. Depois veio “It’s Not A Coincidence We’ve Met” feat. Kotoe (cantora brasileira-japonesa), em que fala de um relacionamento passageiro, mas impactante, que viveu com uma artista de Chipre. O terceiro capítulo é “Ella & Louis” feat. Jamila Al-Yousef (cantora alemã-palestina), onde explora influências do jazz e da soul music de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong e reflete sobre as delícias e derrotas de um relacionamento de longo prazo. “Meu Melhor“, composta no início da pandemia na Chapada dos Veadeiros (GO) foi o quarto episódio e recentemente apresentou “EnganoDesengano“, em que trata de um trisal que não terminou muito bem para elu e não só trouxe vários ensinamentos, como também foi o responsável por sua ida a Berlim.

“Berlim veio totalmente de surpresa na minha vida. Eu estava de férias com um casal com o qual estava me relacionando em 2014, e o itinerário era Berlim, Paris e Amsterdam. Já na primeira semana em Berlim, senti algo muito mágico, pois era agosto e a cidade no verão vibra de forma apaixonante e as possibilidades parecem infinitas. Eu não conhecia ninguém aqui além de uma grande amiga, a Karen Hoffstetter, com a qual nos hospedamos na chegada. Quando estávamos no meio da viagem, o casal me contou que estava pensando em ficar em Berlim e morar ali por pelo menos mais uns meses. Eu realmente senti que não tinha nada a perder e o que eu perdi foi o meu voo de volta ao Brasil. Ao invés, voltei a Berlim e me matriculei em um curso intensivo de alemão e comecei a aplicar para o meu visto”, comenta Timm.

Com 10 músicas produzidas por Emerson Villani (Thaíde, Karnak, Funk Como Le Gusta, Sérgio Britto, Renato Godá), Danilo mostra um álbum colorido, cheio de referências que passam pela MPB, pelo pop, eletrônico, jazz, funk e soul music. E cita nomes como Djavan, Marisa Monte, Caetano Veloso, Ana Carolina, Chico Buarque, Marina Sena, Alice Caymmi, Dani Black, Castello Branco e Jota Pê, que dão um belo exemplo de seu mix musical. Em julho, por exemplo, estará ao lado de uma bela safra de artistes brasileires e alemães no Psicotrópicos Festival, que se realiza em Berlim, nos dias 14 e 15 de julho e terá Bala Desejo, Liniker, NoPorn, Tássia Reis, Filipe Catto, Jonathan Ferr e muito mais!

Aqui no Brasil, Timm se apresenta em Brasília, no dia 9 de maio, e em São Paulo estará no Picles (Rua Cardeal Arcoverde, 1838), no dia 20 de maio, a partir das 20h, e tem entrada gratuita até às 21h.

A pergunta que fica em toda essa trajetória é por que não seguir com a Aquafaba e apresentar lá todas essas canções. Timm resolve a equação:

“O que eu já vinha sentindo há um tempo era a necessidade de explorar mais a fundo a minha identidade musical e artística, e que ela conversasse diretamente com a minha identidade de gênero. Na banda tentava trazer o discurso para um lado mais queer e o desafio pra mim, era eu ser a única figura queer dali. Eu também queria cantar músicas que fossem diretamente relacionadas à minha história, e NiLØ é isso. Eu vejo NiLØ como uma pesquisa nesse tema também. Não só escolhi esse nome pro álbum por ser um nome fluido, mas a diversidade musical que há no projeto reflete a minha diversidade também. Eu chamaria o meu álbum de queer também por não se encaixar em um só gênero musical, assim como eu. E o álbum também tem um romantismo que passa por lugares de amor, amizade, inspiração e superação”, reflete Timm.