DUO ANA & ERIC ESTREIA O ÁLBUM “OUR HOUSE FROM HERE”

A dupla, composta por brasileiros radicados no Canadá, lança o disco pelo selo estrangeiro The Citadel House e tem turnê prevista no país e passagem pelo Brasil

Duo brasileiro baseado no Canadá, Ana & Eric lança hoje (26 de abril) o álbum de estreia: Our House From Here. Como o nome sugere (“Nossa casa daqui” em tradução livre) o disco “fala sobre o processo de encontrar um novo lar em um novo país, enquanto olhamos adiante e perseguimos nossos sonhos, mas também olhamos para trás em busca de nossas raízes”, conta Ana Luísa Ramos, parceira de Eric Taylor Escudero. Clique aqui para conferir

Com lançamento pela gravadora canadense The Citadel House, a turnê do álbum – que tem canções em português e inglês – vai passar  em cinco cidades do Atlântico Canadense, em maio. Há também previsão de realizar shows no Brasil onde, inclusive, Ana & Eric esteve em janeiro deste ano com diversas apresentações no estado de São Paulo.

Gravado entre 2021 e 2022, Our House From Here tem influências do Folk – gênero que floresceu com bastante força nas tradições musicais canadenses – e também da Bossa Nova, movimento que foi responsável por divulgar a música brasileira no exterior. A produção é assinada por Dean Stairs, da The Citadel House, gravadora que fica na cidade de Lewisporte. “Este projeto é único e interessante, com composições excepcionais, além de ótimos arranjos de violão criados por Eric e do talento vocal incrível da Ana”, diz o produtor. Já Darren Browne, multiinstrumentista que gravou no disco, comenta sobre o encontro com Ana & Eric: “Nós nos conhecemos em um show no nosso bairro e mencionei para a Ana que eu estava aprendendo a tocar Choro no bandolim. Desde então nos tornamos amigos e começamos a fazer shows juntos”.

Entre as participações, estão respeitados musicistas da região do Atlântico, como: Darren Browne (Kubasonics, Youngtree & The Blooms, The Burning Hell); Carole Bestvater (Youngtree & The Blooms, LadyLike, The High and Lonesome); Hunter Madden e Andrew McCarthy. “A participação desses artistas deu ao álbum uma grande amplidão, além de riqueza de timbres e texturas que, de certa forma, representam muito bem a mistura de influências de nossas raízes brasileiras e do nosso novo lar no Canadá”, comenta a artista.  

A capa é assinada por Brenda Taylor e foi criada a partir de uma fotografia feita entre a beleza natural de St. John’s, Newfoundland, por Lindsay J Ralph. “A capa tenta refletir a amplidão e a beleza, que são temas recorrentes nas músicas”, conta Ana.

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Faixa a faixa

São acordes de piano que abrem o disco com a faixa Overture. Com clima de Bossa nova, a canção é composta também por linhas de bateria e por vocalizações de Ana & Eric. “Sendo o álbum bilíngue, achamos interessante iniciar com uma canção sem letra, que apenas sugere uma atmosfera e apresenta os instrumentos”, comenta Ana. 

É em Manhã de Abril, a segunda faixa e single de lançamento do disco, que o duo apresenta de fato suas vozes, com uma letra em português, sua língua materna. “Essa música fala sobre a ideia de lar e a impossibilidade de retornar a um tempo que se foi e um lugar que não existe mais. É sobre se perder e se reencontrar nos caminhos da vida. Manhã de Abril evoca lugares e sensações, como o rio coberto pela neblina, o portão da casa sob o pé de pitanga e o cheiro de café”, conta Eric

As referências do folk chegam com mais força em Poverty, faixa cantada em inglês que traz reflexões sobre o mundo em que vivemos. Eric comenta que a canção “trata sobre encontrar conforto e novos caminhos em meio à precarização generalizada da vida contemporânea. Fala sobre uma pobreza mais pobre e sobre um amor maior”

I Can See Our House From Here, single que deu início à divulgação do álbum, “fala sobre construir um novo lar em meio às aspirações e memórias. A canção também trata sobre a beleza que existe ao nosso redor e que, distraídos por tantos estímulos, obrigações e preocupações, acabamos não vendo”, explica Ana. 

Com violinos marcantes tocados por Carole Bestvater –  musicista integrante da Orquestra Sinfônica de Newfoundland – a faixa Home, segundo a cantora e compositora, “traz um tom irônico para tratar sobre a vida em grandes centros urbanos, onde se vive em apartamentos cuja vista dá para outros apartamentos. É sobre a sensação de opressão e impossibilidade de mudanças em sociedades cada vez mais desiguais, em que muito se trabalha e pouco se recebe”.

Ainda que Ana & Eric vivam há anos longe do Brasil, o país onde nasceram e cresceram continua reverberando em suas criações, como na canção Sabiá. “Essa é uma música que contém imensidões. É um momento de respiro no álbum. É uma canção cheia de imagens sobre a beleza tropical do Brasil e sobre a natureza em geral. O ritmo – inspirado pela bossa nova –  e a letra sugerem uma certa nostalgia”, divide o compositor. 

Sobre a faixa Dias Que Não Tem Mais Fim, Eric conta que “essa talvez seja a canção que mais reflete a mistura de influências. Essa música surgiu como uma espécie de marchinha de carnaval, escrita em um dia de neblina em St. John’s. Fala sobre uma caminhada em busca de um lugar ou alguém que somem na névoa que cobre a cidade. O violino e o bandolim acrescentam timbres que lembram a música do atlântico canadense, enquanto o ritmo e melodia sugerem lugares distantes e ensolarados”

A penúltima faixa do álbum, repleta de suavidade nas vozes e nos instrumentais, We Are The Same tem cadência lenta, traz um momento mais contemplativo do disco e Ana diz que “fala sobre anseios, preocupações e alegrias que extrapolam diferenças culturais e acabam por unir pessoas de diferentes grupos”, reflete Ana. Em tradução livre, cantam: “as pessoas pensam que estamos vivendo vidas diferentes, mas passamos pelas mesmas dificuldades”

Para fechar o disco, a música Elizabeth, At Least You Tried “trata sobre as frustrações que inevitavelmente temos, e sobre as ‘canções que cantamos em vão’. É sobre todas as vezes que tentamos, mas não conseguimos. É também sobre a solidão nas grandes cidades e sobre o convívio social moldado por valores e discursos vazios”, finaliza Eric.