ÁLBUM DE ESTREIA DE KLÜBER, APRESENTA MISTURA ENTRE O GRUNGE, O EXPERIMENTAL E O ERUDITO

Com arranjos complexos, a artista curitibana expõe a sua vivência trans não-binária ao abordar amor, música e política através do que ela chama de “pop prolixo”

Klüber é uma artista curitibana de 24 anos que define seu som como “Pop Prolixo” ao fundir algumas referências da música de concerto com rock alternativo, folk, indie, grunge e pop alternativo. Em 2019, divulgou seu EP de estreia, Cante Comigo Esse Refrão Clichê de Pop Farofa. Em 2020, logo antes da pandemia, gravou as mesmas canções em um EP ao vivo chamado Cante Comigo Ao Vivo, apresentado para o público no mesmo ano. Desde então, se apresentou em alguns festivais como, Se Rasgum 2022, e está confirmada para a edição do Morrodália 2022.

No dia 23 de setembro, a artista lança seu álbum de estreia, “Pra Duvidar”. Com produção de Érica Silva e Leo Gumiero, a obra apresenta uma complexidade de arranjos passeando com sofisticação entre o grunge, o samba, o experimental e a música de concerto ao longo das 11 faixas. A artista define seu trabalho como “pop prolixo” e expõe através das letras e sonoridades as suas vivências como trans não-binária. Amor, música e política fazem parte do seu universo, onde ainda regravou de forma dramática o clássico do sertanejo “O Menino da Porteira”. Clique aqui para conferir

“O disco é uma compilação de um poema, uma regravação e nove músicas de diversos períodos da minha vida. Achar sentido e conexão para tudo isso foi um pouco difícil, mas Pra Duvidar tornou-se um disco de grunge – tem até samba grunge – e está articulando a noção de dúvida como uma necessidade. Hesitamos em alguns nomes, mas um grande amigo, chamado Rafael Lorran, criou esse título numa conversa em que aprofundávamos essa ideia de dúvida de gênero, que aqui inclusive pode ser tanto a identidade de gênero quanto o gênero musical”, explica Klüber. “E acho que articular a dúvida é muito legítimo no momento histórico que a gente vive, passando por uma pandemia, catástrofe climática, entendendo identidades de gênero outras, profissões outras, linguagens artísticas outras, o acúmulo capitalista de dinheiro, informação e conteúdo… e talvez todas as canções, cada uma a seu modo, nos colocam dúvidas: porque ‘O Menino da Porteira’ sempre parece tão animada nas outras versões? Por que eu sou eu? Por que tantos ismos? Por que eu sonho tantas coisas e realizo poucas? Por que eu não me valorizo? É pra duvidar de mim, de você, dessas músicas, votar no Lula e duvidar do Lula, duvidar das organizações, dos sistemas e do cistema”.

“Essência de Proparoxitonolol” é um poema que abre Pra Duvidar, dedicado ao primeiro garoto que Klüber foi apaixonada, e já sinaliza a importância das palavras na obra. A temática amorosa se repete em “Ninguém Precisa”, single já apresentado para o público, e em “Promissões”. O lado político da artista está em “Ismólatra”, “Quantos”, “Espetáculo”, “Hommage à Debussy” e “Valsa da Persuasão”. Em “Meu Som” e “Fazer Música”, o amor à arte é cantado em plenos pulmões, e a regravação de “O Menino da Porteira” evidencia a dramaticidade de suas interpretações. A complexidade de arranjos está presente em todo o repertório e a presença constante do piano, primeiro instrumento de Klüber, confere erudição para as faixas.

A obra foi coproduzida por Érica Silva (Mulamba), sua parceira de longa data. “Pra Duvidar é diferente de tudo o que já fiz. Tá repleto de texturas fodas, complexidade e muito amor e dedicação que colocamos em cada ideia, cada detalhe. Quero muito que isso ressoe e quiçá se torne referência de como a música brasileira pode e deve expandir todos os limites já postos”, diz. Leo Gumiero, também produtor, afirma que “Pra Duvidar é um álbum lindo e corajoso, e foi um prazer trabalhar nele. É um lançamento que recontextualiza tudo: pop, rock, grunge, erudito, samba; tudo foi desmontado e reorganizado para mostrar a versatilidade da Kluber em seu primeiro álbum. É clássico, contemporâneo, desafiador e acessível, tudo junto”.

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