Com participações de Ju Strassacapa, Cássio Cunha e Juba Valença pernambucano imprime sonoridade oitentista em novas canções
O pernambucano Tagore reafirma suas raízes no quarto álbum da carreira, “Barra de Jangada“, que sai em parceria com o Selo Estelita. Em uma homenagem aos timbres e arranjos criados por Paulo Rafael (Ave Sangria), guitarrista que acompanhou por anos Alceu Valença, Tagore emula a sonoridade criada por Paulo e que marcou sua infância crescendo em Pernambuco nos anos 90. Paulo Rafael também foi um grande amigo de Tagore, participando inclusive de seu disco de estreia: “Movido a Vapor” (2014). Clique aqui para conferir o disco “Barra de Jangada”
“Utilizei um recorte 80 da música pernambucana/nordestina, tendo como principais referências discos lançados nessa década por Alceu como Cavalo de Pau (1982), Cinco Sentidos (1981), Mágico (1984), Leque Moleque (1987) e Anjo Avesso (1983). A escolha por esse período vem do resgate das minhas memórias associadas a ele, bem como a vontade de homenagear Paulo Rafael e seu estilo único de tocar e produzir, desenvolvido nessa época ao lado de Alceu”, comenta Tagore.
Em clipe já lançado e homônimo ao álbum, “Barra de Jangada” deixa explícita as referências citadas, pois na música mescla a atmosfera de dois hinos do bicho maluco beleza: “Como Dois Animais” e “Solidão” fazendo uma homenagem também ao bairro de mesmo nome no sul de Recife, onde viveu com a família. No clipe, pega imagens de japoneses que passaram por Recife no final dos anos 80 e mostra em VHS como era a paisagem naquela época.
A produção é uma parceria de Tagore com Pedro Diniz (baixista do Mundo Livre S/A) e João Cavalcanti, que trabalharam juntos para renovar a sonoridade da década de 80. Por isso, o artista cita nomes como Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Fagner e Zé Ramalho como referências e influências para o novo álbum.
“Acho que a música, como diversos outros aspectos da sociedade, é cíclica, e por sua vez, atemporal. Tentamos traduzir os timbres analógicos para nossa realidade atual das gravações digitais, preservando elementos protagonistas nos discos referenciados, como a voz em primeiro plano, envolta em reverbs profundos, as guitarras com bastante chorus e outros detalhes que faziam parte da atmosfera que buscávamos reproduzir. A missão era fazer tudo soar como trilha de novelas antigas como ‘Mulheres de Areia'”, se diverte o artista.
É bom lembrar que a novela foi lançada em 1993 e tinha como protagonista a atriz Glória Pires fazendo as gêmeas Ruth e Raquel bem como na abertura a canção “Sexy Iemanjá” de Pepeu Gomes e na trilha sonora nomes como Ivan Lins, Orlando Morais, Gal Costa, Banda Beijo, Simone e mais!
Entre as participações especiais do álbum está Juliana Strassacapa (Lazúli), uma das vocalistas da Francisco El Hombre em “Amor Perfume”, música mais antiga do disco que ganhou nova roupagem trazendo as vozes para o centro da canção.
“Eu sou muito fã da Ju, a gente se conheceu em 2015 e ao longo desses quase dez anos nunca tínhamos gravado nada juntos. Quando chegamos nessa faixa, decidi que queria alguém dividindo os vocais comigo, numa linha ‘Tesoura do Desejo‘, que Alceu fez com Zizi Possi. Eu acho que a voz dela tem essa qualidade de preencher de maneira brilhante o espectro da mix. É uma voz muito afinada e marcante, visceral. Eu acho que caiu como uma luva nessa faixa, que é uma música mais espaçada, com a voz bem protagonista, explica Tagore.
Juba Valença (parceiro e filho de Alceu) também faz partição com vocais e triângulo na canção “Maré Minina”, Clayton Barros (Cordel do Fogo Encantado) está na viola de “Paixão Revirada”, Cássio Cunha, baterista de Alceu Valença aparece em 7 das nove músicas do disco e Tagore traz um trecho de uma entrevista do mago Lula Cortês para fechar o álbum com um ilustríssimo morador de Barra de Jangada, em “A Mais Bela Devoradora De Vaidades”.
“Barra de Jangada” está disponível em todas as plataformas de streaming, sai pelo Selo Estelita e tem produção do próprio Tagore ao lado de Pedro Diniz e João Felipe Cavalcanti, mixagem de Mauro Arruda no Estúdio Sargaços e masterização de Leo D. Tagore está acompanhado de João Cavalcanti (Baixo e sintetizadores), Kildare Nascimento (bateria), Arthur Dossa (guitarra), P3dr0 Diniz (baixo), Julião (sanfona), Pio Suassuna (percussões), Hélvio Cavyniz (cordas), Duca Moura (saxofone), Carminha Arruda (backing Vocals), Du da Confiança (Bateria), Nego Henrique (percussões) e Rafael Almeida (percussões) que se revezam nas canções.