Show de lançamento do disco com produção de João Milet Meirelles acontece no dia 28.10
Bel Medula é um projeto de fôlego musical, do tipo que não para de criar. Há dois anos, atravessando o período de isolamento, o duo gaúcho formado por Isabel Nogueira e Luciano Zanatta (LucZan) começava a compor as músicas que agora integram seu quinto álbum de estúdio: A Dança do Caos, lançado hoje, 27 de outubro, que vem com o clipe da faixa Um Sorvete de Manhã. A escolha das canções foi feita por João Milet Meirelles (BaianaSystem), que assina a produção musical. Das vinte canções enviadas para o produtor, foram selecionadas dez: cinco de Isabel e cinco de Luciano. “O álbum tem um conceito de duo. Isso traz uma polifonia, uma complementaridade de vozes composicionais, de visões de mundo e de abordagens que passeiam entre a música eletrônica, o synth-pop e a canção”, conta Isabel Nogueira. O show de lançamento está marcado para o dia 28 de outubro, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel, em Porto Alegre. Ouça o disco aqui.
A produção do álbum foi um processo de lapidação que buscou trazer nitidez para cada um dos aspectos do projeto, como letras, arranjos, beats e estrutura das canções – além da própria performance. “Fizemos este disco para tocá-lo ao vivo. No Abala Ladaia tínhamos muita trilha, e a performance precisava achar um lugar nesta trilha. Neste trabalho, pensamos em ser um disco menos eletrônico e mais de performance, ainda que sejam utilizadas bases eletrônicas. Queríamos que o álbum tivesse um foco na performance, na ideia de criar camadas que iriam acontecer ao vivo”, revela Isabel.
Já o produtor João Meirelles comenta sobre o trabalho desenvolvido com a dupla: “O processo de produção do disco com Bel Medula foi muito bonito e respeitoso. Nós criamos um ambiente de escuta e liberdade criativa muito eficiente e rico. De minha parte, busquei ampliar o que via de potência das músicas propostas por Isabel e Luciano – algumas faixas já muito prontas, outras em processos mais iniciais de composição e arranjo. Acho importante ambientes assim quando se produz algo para um artista ou banda. Um espaço de trabalho em que todos estão voltados para dar o melhor em função da música, em função da arte. Acredito que construímos um trabalho lindo de cair no mundo. E me sinto muito feliz de receber a confiança para realizar esse disco ao lado de Bel e Zanatta”.
No dia 28 de outubro, no Teatro Oficina Olga Reverbel, em Porto Alegre, o duo apresenta todas as músicas do novo álbum A Dança do Caos, além de canções dos álbuns anteriores e algumas inéditas. A formação traz Isabel Nogueira na voz, piano e sintetizador; e LucZan na guitarra, sax e viola. O show conta com a participação da cantora e compositora Viridiana, conterrânea do duo.
Clipe
Junto com o álbum, é lançado o videoclipe da faixa Um Sorvete de Manhã, com direção de Gabriel Celestino e Douglas Jung. “O vídeo propõe uma jornada na qual o amor é o grande plano, o maior convite ou uma proposta irrecusável mas, ainda assim, aberta. Se a letra da canção convida para uma leitura de intimidade, o visual produz um contraponto. Os personagens do clipe são como dois forasteiros fora do tempo, um casal sincrônico entre si, porém, dessincronizado do espaço ao redor”, comenta Isabel. Assista aqui.
Com figurino inspirado pelas coleções de Vivienne Westwood e seu punk couture – colocado em contraponto a estampas florais saturadas de cores bem tropicais –, o clipe havia sido inicialmente planejado para ser finalizado em preto e branco, como uma película antiga, mas a luz suave do final do inverno gaúcho inspirou uma mudança de decisão sobre o tratamento de cores. Foram também incluídos alguns “easter eggs”: pequenos detalhes escondidos que o espectador pode encontrar nessa jornada.
Faixa a faixa
O álbum começa sem esconder suas intenções: dançar no caos. A faixa Apaixonite sub-grave chega com sintetizadores, distorções e efeitos de voz abrindo espaço em uma pista de dança escura e esfumaçada. “A canção veio de um exercício de releitura de ‘Apaixonite aguda’, de Itamar Assunção, que é um artista que me inspira muito desde a adolescência. Quisemos brincar com a ideia de grave-agudo e manter a melodia da canção apenas instrumental, sobrepondo um texto-falado”, conta Isabel Nogueira.
O ritmo dançante acelera com Odoyá, composta em homenagem à Yemanjá. Camadas de vocalise são sobrepostas com efeitos de delay e reverb sobre um groove de baixo que vai conduzindo a música. “A letra traz a ideia do ordenamento do tempo, em uma hierarquia do fluxo da vida onde convivem tanto a perenidade como a impermanência”, divide Isabel.
O disco segue com Passando os Dias, que traz elementos do dubstep e do indie pop. “A faixa fala dos rituais sociais, e de como estes podem ter um caráter binário e vazio quando são apenas formais e destituídos de sentido. Como uma metáfora para a consciência humana, a canção evoca os dias que passam um após o outro, como fios que se desenrolam através do labirinto de Ariadne”, revela.
Em Tem Quem Ouça, o duo reflete sobre a própria criação musical e como esta chega até o público. “No universo Bel Medula os tempos e espaços se misturam e os sons e os ritmos podem vir de longe ou perto, do ontem ou do amanhã. Entre ‘eletropeles’ percutidas e cordas duplas pinçadas, vem a percepção de que existem muitos jeitos de ouvir as músicas que fazemos.”
Com Deriva de Palavra, o álbum desacelera com camadas de improviso e atinge um momento psicodélico. “Surgiu da ideia de fazer uma viola caipira soar como um sitar indiano sobre uma base de bytebeat. No fim, o resultado foi tão inusitado quanto poderia ser essa mistura”.
Um Sorvete de Manhã traz uma roupagem noturna e densa para uma canção de amor excêntrica que se passa em clima de balada cyberpunk. “Misturamos trechos de histórias reais para tratar da alegria de viver a dois. Quando vem o dia, o convite é para um sorvete. De manhã? Sim, afinal o sorvete não sabe que horas são…”
A próxima faixa, Coragem Artista, traz uma reflexão sobre as dores e as delícias, as angústias e inseguranças, da vida de artista. “A ideia da canção veio de uma pichação de rua, que encontrei em uma das tantas derivas que faço pela cidade. Fotografei as palavras no muro, e fiquei pensando no ofício de artista: ouro que é boca e voz, roda que faz girar o sol, caminho longo que é maratona, e como precisa coragem pra seguir fazendo arte.”
Em Shiva Chá se materializa o convite para dançar no caos, abraçando o descontrole. A faixa reflete sobre o período incerto que teve início em 2020 com a pandemia causada pela Covid-19. “Se 1968 foi o ano que não acabou, 2020 foi o ano que não aconteceu. Quando vimos, não era carnaval, já era segunda-feira e o ano era o que vem. No rodopio do caos, Shiva ou Exu nos serve um chá e nos convida a balançar nesse groove. A vida é isso mesmo.”
Penúltima faixa do álbum, Nada que se Diga traz uma roupagem punk linhas de guitarra estaladiças, com uma bateria inspirada em referências da década de 1980 e sintetizador grave. “A letra fala daqueles momentos em que nada satisfaz, a cabeça gira acelerada e a gente acorda no meio da noite com um monte de ideias.”
Samambaia, o primeiro single do disco, finaliza o trabalho com uma reflexão em forma de bailinho. “A ideia veio de uma conversa com uma planta sobre a impermanência e finitude da vida. Afinal, as coisas não são pra sempre, e ao longo da vida a gente segue inventando nossa própria dança para o caos.”
OUÇA AQUI
ASSISTA AO CLIPE DE UM SORVETE DE MANHÃ AQUI
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO AQUI
SERVIÇO – Show de lançamento (Porto Alegre)
Local: Teatro Oficina Olga Reverbel / Multipalco Theatro São Pedro – Praça Marechal Deodoro, s/n°, Centro Histórico
Data/hora: 28 de outubro, às 19h
Ingresso: R$ 40 inteira, R$ 20 meia
TRACKLIST
1- Apaixonite Sub-Grave
2- Odoyá
3- Passando os Dias
4- Tem Quem Ouça
5- Deriva de Palavra
6- Um Sorvete de Manhã
7- Coragem Artista
8- Shiva Chá
9- Nada que se Diga
10- Samambaia
FICHA TÉCNICA
A Dança do Caos, um disco de Bel Medula, 2023
Composições, Sintetizadores, Pedais e Voz: Isabel Nogueira/Bel Medula
Composições, Sax, Sintetizadores, Baixo e Guitarra: Luciano Zanatta
Produção musical e Loops: João Milet Meirelles
Distribuição: Tratore
Capa: Luiza Padilha
Gravado no estúdio Mar de Tralhas, Porto Alegre/RS, entre abril de 2020 e agosto de 2022
Videoclipe
Direção geral, Direção de fotografia e Styling: Gabriel Celestino e Douglas Jung
Direção de Arte e Direção Criativa: Douglas Jung
Câmera, Cor e Montagem: Gabriel Celestino
Figurino: Casa da Traça e acervo pessoal
Maquiagem: Juliane Senna
Projeto Gráfico: Luiza Padilha
Filmado em agosto de 2023, em Porto Alegre
Agradecimento: Bazar De Tudo um Pouco (Porto Alegre)
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SOBRE BEL MEDULA
Bel Medula é um duo de synth-pop formado por Isabel Nogueira e Luciano Zanatta, com base em Porto Alegre. Neste ano de 2023 eles lançam seu quinto disco de estúdio, “A Dança do Caos”, com produção musical assinada por João Milet Meirelles (BaianaSystem). O último álbum do projeto, “Abala Ladaia”, foi lançado em 2022 e seu processo de criação foi detalhado em um documentário. Também foram lançados os discos “Semente” (2021), “Luna” (2020) e “PeleOsso” (2019).
O projeto já atuou em diversos festivais no Brasil, como Kinobeat, Musica Estranha, FIME; e também no exterior, como Live Arts Culture (Itália), Feminoise (Argentina), além de ter realizado performances em espaços consagrados, como a sala Spectrum (Nova York).
SOBRE ISABEL NOGUEIRA
Isabel Nogueira é compositora, cantora, multiinstrumentista, produtora musical e musicóloga. Doutora em Musicologia pela Universidade Autônoma de Madrid, estuda piano desde a infância e, ao longo de sua trajetória, pesquisa as potencialidades da voz e dos sintetizadores na expressão artística. É professora da UFRGS e coordenadora do Grupo de Pesquisa Sônicas: Gênero, Corpo e Música (UFRGS).
Suas canções traçam teias entre histórias de mulheres, usando beats, sintetizadores, voz e vídeo arte. Grooves, beats e ambiências se misturam a vozes sussurradas, cantadas faladas, propondo mantras contemporâneas a partir da combinação de elementos sintéticos e orgânicos.
Em 2019 foi orientadora da residência artística para mulheres no Projeto Concha, na cidade de Porto Alegre, com financiamento da Natura Musical.
SOBRE LUCIANO ZANATTA (LucZan)
Luciano Zanatta (LucZan) é músico, produtor musical e sound designer. É doutor em composição pela UFRGS, onde também é professor no curso de Música Popular. Na década de 90, integrou a banda Aristóteles de Ananias Jr., ícone do experimentalismo underground brasileiro da época. Em seguida, participou também da banda Os Relógios de Frederico, lançando quatro discos. Colabora com Isabel Nogueira desde 2013, desenvolvendo projetos de música experimental e improvisação sob os nomes Coletivo Medula, Desandance, Betamaxers e Bel Medula.